Assimetria craniana é o nome médico para uma condição mais conhecida popularmente por "cabeça torta" ou "cabeça amassada". Na verdade, dizemos que um bebê ou uma criança tem uma assimetria craniana posicional quando o formato da sua cabecinha está de alguma forma anormal, podendo estar mais achatado, amassado, alongado ou torto, mas não há qualquer anormalidade na fusão das suturas cranianas.


A recomendação de colocar as crianças para dormir de costas (de barriga para cima), as taxas de morte súbita infantil caíram significativamente.     Entretanto, simultaneamente, os relatos de assimetrias cranianas em crianças de apenas algumas semanas de idade aumentaram nesse período, apresentando-se clinicamente como um achatamento de um dos lados ou dos dois lados, principalmente da parte posterior da cabeça. Na prática as assimetrias cranianas se desenvolvem porque o bebê fica praticamente o tempo todo deitado e sem muita mobilidade na cabeça, especialmente nos primeiros meses de vida. Sendo assim, o apoio constante em um ponto da cabeça pode levar ao seu "achatamento.



Outra condição que pode levar a "amassar" a cabeça só de um lado é a criança ter uma "preferência" por uma determinada posição - ou um determinado lado de dormir por exemplo. Ao contrário do que os pais pensam, a criança não deve ter um lado de preferência nos primeiros meses de vida, geralmente a lateralidade preferencial só se desenvolve a partir de 1 ano de idade em geral. Nos primeiros meses essa "preferência" pode estar relacionado a um déficit de força ou alongamento de um dos lados do pescoço, que pode vir desde a vida intrauterina, devido a posição que o bebê estava. Nestes casos é preciso fazer diagnóstico diferencial com torcicolo congênito.


taxa de ocorrência de deformidades cranianas diminui à medida que as crianças crescem, pois elas passam cada vez menos tempo deitadas, bem como o crânio fica mais "grosso" e "rígido", ou seja, "amassa" com menos facilidade. Na prática clínica de rotina, as deformidades do crânio - especialmente nos primeiros 6 meses de vida - muitas vezes levantam questões sobre diagnósticos diferenciais e opções de tratamento.


Quais são os tipos de assimetrias cranianas posicionais? 

Veja abaixo os 4 tipos de assimetrias posicionais mais frequentes:


1- Plagiocefalia posicional 

- Achatamento de um dos lados da parte de trás da cabeça – a cabecinha do bebê fica torta ou amassada. 

- Um olho ou orelha pode parecer mais alto/mais para frente do que o outro (Olhos e ouvidos podem estar desalinhados). 

- Dependendo do grau de assimetria a testa se projeta ligeiramente de um lado.

2- Braquicefalia simétrica posicional  

- A braquicefalia simétrica geralmente aparece como achatamento completo na parte de trás da cabeça. 

- Pode haver um aumento da testa do bebê e olhando de frente as laterais podem aparecer de forma mais proeminente. 

- Em alguns casos a altura da cabeça do bebê pode parecer mais alta que o normal.

3- Braquicefalia assimétrica posicional 

- É uma mistura das características da braquicefalia com a plagiocefalia.

- A braquicefalia assimétrica geralmente aparece como achatamento na parte de trás da cabeça, porém além de mais achatada na parte posterior a cabeça também fica "torta".


4- Escafocefalia posicional 

- É tipicamente observada como uma forma longa e estreita da cabeça.

- Comumente visto em bebês prematuros que passam algum tempo em uma UTI ou descansam consistentemente em ambos os lados da cabeça.


Quais os fatores de risco para assimetrias cranianas posicionais? 

Pré-natais: sexo masculino, primeiro filho, posição anormal do feto no útero  

Perinatais: prematuridade, parto com uso de fórceps, bebê com peso alto ao nascer  

Pós-natais: Decúbito Lateral (dormir de lado), torcicolo congênito, atraso do desenvolvimento psicomotor, posição preferencial para um lado.


As assimetrias cranianas melhoram sozinhas? 

Como saber se eu devo procurar um especialista? Em alguns casos há sim melhora espontânea das assimetrias posicionais, muitas vezes com intervenções simples de reposicionamento da criança por parte dos pais orientados pelo seu pediatra de confiança. Em geral o pediatra é o primeiro médico a avaliar o bebê com assimetria craniana, e costuma referenciar ao neurocirurgião especialista se:  

1- Suspeitar de algum diagnóstico diferencial da assimetria – Exemplo: cranioestenose.  

2- Após orientações aos pais verificar que não está havendo melhora significativa, ou a assimetria craniana está piorando progressivamente.

3- Caso haja torcicolo congênita.  

4- Caso de início a assimetria craniana já seja grave.  Vale ressaltar que quanto antes o tratamento específico se iniciar para correção da assimetria melhor, preferencialmente antes dos 6 meses de vida.


Na Atempo estamos habituados a tratar esta condição, examinamos o bebê e realizamos diversas medições da cabeça da criança. De acordo com o exame físico e com as escalas internacionais, podemos classificar e graduar as assimetrias e quantificar sua gravidade, propondo as terapias mais adequadas.  


Qual o tratamento das assimetrias cranianas em bebês? 

Quando iniciar o tratamento? O tratamento proposto depende basicamente de 3 fatores: a idade do bebê, a gravidade da assimetria e a resposta que o bebê está tendo as intervenções (reposicionamento, fisioterapia, etc.). Dependendo destes 3 fatores pode-se recomendar desde fisioterapia até a colocação de órteses cranianas (os conhecidos "capacetes"). O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, sendo melhor os resultados quando o tratamento é iniciado com menos de 6 meses de vida. Após 1 ano de vida os resultados podem não ser mais tão satisfatórios.


Quais as consequências de uma assimetria craniana posicional não tratada? 

Além das óbvias consequências estéticas, como "cabeça torta", desalinhamento das orelhas, assimetrias na face, etc., alguns estudos mostram que crianças com severas assimetrias podem ter algumas alterações funcionais. Estas alterações estão relacionadas principalmente com alterações de má oclusão dentária e articulação temporomandibular.  Entretanto, a extensão em que as assimetrias posicionais afetam o desenvolvimento da mandíbula/maxila, dentes e possíveis más oclusões ainda tem questões a serem elucidadas.


Dentre algumas das consequências, estão:

- Atraso do desenvolvimento motor

- Atraso de fala

- Atraso escolar

- Alterações visuais

- Alterações auditivas

- Alterações posturais

- Alterações dentárias


Vale ressaltar ainda que a criança pode vir a ter problemas psicológicos decorrentes de "bullying" se a assimetria craniana for muito marcante. Os pais devem estar atentos e buscar acompanhamento especializado psicológico caso seja necessário. Quanto a retardo no desenvolvimento, não há até o momento qualquer indicação definitiva que as assimetrias cranianas posicionais possam levar a qualquer tipo de atraso no aprendizado ou problema cognitivo.